quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O presente de aniversário não poderia ser melhor

Há um ano nascia o Blog Ética nos Negócios e com ele o Blog Entrevista CEO. E, neste primeiro aniversário não poderíamos receber um presente melhor!

A partir de hoje, fazemos parte da equipe de colunistas e blogueiros do jornal on-line Último Segundo e por este motivo, estamos hospedados num dos maiores e mais respeitados portais do país: o Internet Group (iG), unidade de Internet da Brasil Telecom, reunindo os portais iG, iBest e BrTurbo.

O iG conta com mais de 20 milhões de UV/mês, ocupa o primeiro lugar entre os provedores discados da América Latina, o segundo em banda larga e um dos três maiores portais de conteúdo do Brasil. Além disso, tem 8 milhões de e-mails ativos.

Na estréia do Blog Entrevista CEO no iG, fomos honrados com a presença do presidente da maior empresa em atuação no país, José Sérgio Gabrielli, da Petrobras.

Nosso novo endereço no iG é http://entrevistaceo.blig.ig.com.br/.

Faça uma visita, divulgue esta novidade entre seus amigos e, se preferir, você poderá ser avisado a cada novo post publicado. É só clicar aqui.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Resultado Pesquisa do Blog

QUAL O PRINCIPAL ÔNUS DE SER UM CEO?

  • Pouco tempo para a família: 44,83%

  • Pressão por resultados 20,69%

  • Excesso de trabalho 10,34%

  • Solidão 24,14%

A opção com maior votação foi exatamente o pouco tempo que altos executivos têm para passar com suas famílias. Este é o maior sacrifício para subir na carreira. Será que dá para conciliar o trabalho com a família? Dê sua opinião!

Logo depois vem a opção "solidão" com quase ¼ dos votos. Como declarou à imprensa o porta-voz do ex-presidente americano, Bill Clinton, resolveu criar um cão labrador na Casa Branca: “o presidente quer ter pelo menos um amigo leal”. Será que é assim mesmo? Eu penso que sim, e você?

Observação Importante: Em virtude da novidade que está sendo preparada para você, a qual nos pronunciaremos logo mais no início de agosto/07, não realizaremos novas enquetes por aqui.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Max Gehringer

O Blog Ética nos Negócios tem a satisfação de receber um dos maiores e mais respeitados palestrante do Brasil. Além disso, o que ele fala em suas crônicas ou escreve em seus livros, não é resultado apenas do aprendizado teórico adquirido nas salas de aula, mas sim, de quem viveu intimamente no mundo dos negócios, conquistando degrau por degrau, por isso mesmo transmite sua mensagem com tamanha autoridade, inteligência, sensibilidade e muito bom humor, fazendo com que reflitamos sobre nós mesmos e até mudemos nossos paradigmas, atitudes e comportamentos.

Seu currículo é para deixar qualquer chairman e o conselho de administração confortáveis e confiantes em entregar em suas mãos o comando e a condução dos negócios da companhia: administrador de empresas, com pós graduação pela FGV e ocupante de cargos executivos em grandes empresas, dentre eles: presidente da Pepsi-Cola e da Pullman, diretor industrial e de vendas da Elma Chips, diretor de sistemas da PepsiCo Foods nos Estados Unidos.

Comentarista de empregos e carreiras na revista ÉPOCA, cronista da Rádio CBN no programa Mundo Corporativo e, mais recentemente, começou a apresentar o quadro Emprego de A a Z no programa Fantástico, da TV Globo. Como se não bastasse, é autor de sete livros que descrevem o lado irônico da vida corporativa, como: Relações Desumanas no Trabalho, Comédia Corporativa, Não Aborde Seu Chefe No Banheiro e O Melhor de Max Gehringer na CBN.

Nosso entrevistado comprova que é possível subir na carreira com dedicação, empenho e integridade ética de conduta. Seu primeiro emprego, aos 12 anos, foi de auxiliar de faxina e o último foi de CEO da Pullman.

O Blog Ética nos Negócios tem a imensa satisfação de conversar com Max Gehringer que muito gentilmente aceitou nosso convite, nos honrando com sua presença.

Blog: Nossos leitores já conhecem o profissional Max Gehringer. Seria possível conhecermos também a pessoa do Max Gehringer. Fale de você.

Max Gehringer: Nasci em Jundiaí, cidade que fica a 60 Km de São Paulo. Meu pai era mecânico, minha mãe tecelã. Ambos trabalharam até a aposentadoria, e conseguiram construir uma casa própria, o grande sonho dos trabalhadores até a década de 1960. Cresci numa época em que “ter uma colocação por toda a vida” era a grande meta profissional para os filhos das classes mais baixas (tecnicamente, minha família pertencia à classe C).

Blog: Sua trajetória profissional comprova, apesar de toda competitividade que existe no mundo corporativo, que é possível subir os degraus dentro da empresa. Quais as qualidades mais admiradas num profissional e que impulsionaram sua carreira?

Max Gehringer: Eu nunca me preocupei em fazer planos de carreira. Acredito que as coisas tenham dado certo porque eu sempre estive preparado para aproveitar as oportunidades que apareceram. Olhando em retrospectiva, eu sempre consegui gerar resultados acima de meus objetivos, e sempre me dei bem com meus chefes e meus colegas. Por mais conceitos de nomes complicados que tenham aparecido nas últimas décadas, são essas duas coisas que continuam impulsionando carreiras

Blog: Em 1999, quando ainda era CEO da Pepsi no Brasil, você foi escolhido em pesquisa do jornal Gazeta Mercantil, como um dos "30 Executivos Mais Cobiçados do Mercado" e isso, sem dúvida alguma, foi um enorme reconhecimento coroando sua bem sucedida carreira profissional. Entretanto, nesse mesmo ano, você tomou uma rara decisão no mundo dos negócios trocando o certo pelo duvidoso, ou seja, deixou a vida de alto executivo para ingressar num mundo até então desconhecido para você: escrever e dar palestras pelo Brasil. Quais os motivos que o levaram a mudar radicalmente sua vida profissional? Oito anos depois, valeu a pena?

Max Gehringer: Sem dúvida, valeu. Quando eu decidi deixar de ser executivo para ser escritor, aos 49 anos, todo mundo me disse que eu tinha perdido o juízo. Mas eu estava mirando no futuro. Eu poderia passar mais 10 ou 15 anos em empresas, mas teria mais 30 ou 40 anos de vida. Decidi então antecipar minha entrada nessa fase pós-empresas. Foi uma das decisões mais sensatas que tomei na vida.

Blog: Um executivo competente é sempre lembrado. Nestes anos todos, você já recebeu alguma proposta para retornar ao mercado? Pensou em voltar?

Max Gehringer: Nunca. Alguns head hunters me sondaram, nos dois anos seguintes à minha decisão de parar. Mas eu agradeci a lembrança, e recusei. Até porque minha nova carreira progrediu muito rapidamente. Ganhei espaços nas duas principais revistas do país, numa das rádios de maior audiência do Brasil, e no principal programa da TV brasileira. Essa visibilidade gerou e continua gerando mais convites para palestras do que eu posso atender. Na verdade, nunca tive um bom motivo para voltar à vida empresarial. E, do ponto de vista de qualidade de vida, nem há comparação.

Blog: Em sua opinião, quais foram as mudanças de maior relevância que ocorreram no mundo dos negócios nos últimos anos e o que ainda esta por vir?

Max Gehringer: A principal mudança foi a do controle da carreira. A vida profissional era delegada a uma empresa, que tudo provia e tudo decidia. Hoje, passou a ser uma responsabilidade de cada um. Desapareceu o conceito de “obediência irrestrita” e surgiu o conceito de utilidade mútua e recíproca. Por isso, as pessoas já não têm receio de pedir demissão quando surge uma oportunidade. Também por isso, as empresas estão demitindo sem piedade. Essa nova situação gerou uma geração de prestadores de serviços autônomos, de terceirizados e de empreendedores, por necessidade ou vocação. O trabalho com carteira assinada foi um fenômeno típico do século XX. Não existia antes, e aos poucos está deixando de ser a principal opção no século XXI.

Blog: Os negócios devem ser conduzidos com a razão ou com o coração?

Max Gehringer: Com a razão, sem dúvida. No Brasil, os times de futebol são conduzidos com o coração, e por isso estão todos quebrados. Na Europa, eles são dirigidos como empresas, racionalmente, visando o lucro. E por isso se tornam cada vez mais fortes. É muito importante adicionar sentimentos à rotina de uma empresa, porque isso cria bons ambientes de trabalho. Mas as decisões importantes precisam ser racionais.

Blog: Quais são as principais responsabilidades, atribuições e desafios que os CEOs enfrentam em seu dia-a-dia? E, quais as maiores preocupações, receios e anseios?

Max Gehringer: O CEO está se tornando um neurótico de carteirinha, coitado. Espera-se dele, ao mesmo tempo, a capacidade de acertar em todas as decisões de curtíssimo prazo, e a habilidade para desenvolver estratégias viáveis de longo prazo. Espera-se que ele tenha um alto grau de preocupação com as pessoas, e ao mesmo tempo tenha que, eventualmente, dispensá-las para preservar a lucratividade. Não é de estranhar que, dos 100 CEOs das maiores empresas do mundo há 10 anos, apenas 10% tenham conseguido se manter na posição. E a maioria não saiu porque recebeu proposta melhor. A maioria foi, simplesmente, dispensada, porque os resultados ficaram abaixo das expectativas dos acionistas.

Blog: Muitas empresas separam as funções de Chairman e CEO. Outras, porém, fazem questão de que seu principal executivo exerça os dois cargos. Existem vantagens e desvantagens em cada caso? Em sua visão, qual a melhor opção para a empresa?

Max Gehringer: Quando as duas funções existem, o Chairman se encarrega das estratégias, e o CEO da operação. Isso, em teoria. Na prática, não raramente, um quer derrubar o outro e ficar com o bolo inteiro. Nas empresas pelas quais eu passei, e que tinham as duas funções, minha impressão sempre foi a de que uma das duas estava sobrando.

Blog: Certa vez, o porta-voz de Bill Clinton, quando ele resolveu criar um cão labrador na Casa Branca, declarou a imprensa: “o presidente quer ter pelo menos um amigo leal”. Isso também ocorre na vida do principal executivo de uma companhia? Como isso é enfrentado e superado?

Max Gehringer: O CEO, enquanto está no cargo, é como o cantor Roberto Carlos: tem um milhão de amigos. O tempo se encarrega de separar os amigos por interesse dos amigos de verdade. Em meus tempos de diretor e presidente, eu convivi, bem de perto, com mais de 500 pessoas. Dessas, hoje, 5 são amigos com quem eu me encontro rotineiramente. A maioria dos meus amigos vem dos tempos de infância e juventude, quando a gente construiu uma amizade com base na afinidade pessoal, e não no interesse profissional. Muitos CEOS não têm essa noção de que toda a badalação provém do cargo, e não das qualidades pessoais do ocupante dele. Além disso, muitos se acostumam com as benesses, como se elas pertencessem de fato a eles. Falam “meu carro”, “meu motorista”, “meu celular”, “meu clube”, quando todas essas coisas são concessões temporárias da empresa ao ocupante de um cargo. Por isso, é maravilhoso ser CEO. Mas deixar de ser é uma desgraça, se a pessoa não estiver bem preparada. Porque tudo o que era doce desaparece de repente.

Blog: Entretanto, para muitos que estão de fora, apenas enxergam o poder, o glamour, a remuneração e os privilégios que cercam a vida dos alto executivos. Porém, se esquecem das pressões e dos sacrifícios que são realizados, especialmente, em relação à vida pessoal e familiar. Nos dias de hoje, ainda é possível conciliar a vida profissional e pessoal? Como isso pode ser feito?

Max Gehringer: Não, não é possível. É uma ilusão. Altos executivos trabalham de 12 a 14 horas por dia. E ficam à disposição da empresa, através de celulares e e-mails, 24 horas por dia, fins de semana incluídos. Esse é o preço que se paga para chegar ao topo. É verdade que altos executivos podem passar férias em lugares maravilhosos, comer em restaurantes refinados, colocar os filhos nas melhores escolas. Tudo isso funciona como uma compensação pela dedicação quase integral à carreira. Quando um executivo diz que se exercita às 5 da manhã, e faz ioga à meia noite, isso está longe de ser qualidade de vida. É mais uma confissão de que ele não é dono de seu próprio tempo. Mas, embora tudo isso possa parecer negativo, qual seria a alternativa? Ganhar pouco e ficar décadas na mesma função? A maioria das pessoas que entra no mercado de trabalho está disposta, e de bom grado, a sofrer o que um CEO sofre.

Blog: Muito se fala sobre o papel social das empresas. Para você o que significa Responsabilidade Social Corporativa? Isso é um modismo, uma onda, uma nova ferramenta do marketing ou uma tendência natural que veio para ficar e se desenvolver?

Max Gehringer: Para entender o que isso significa, é preciso recuar no tempo. A história das civilizações foi construída através da barbárie, embora os livros de História tentem dar a essas conquistas uma aura heróica. Os espanhóis chegaram à América do Sul e dizimaram as culturas asteca, inca e maia. Os colonizadores britânicos praticamente exterminaram os índios da América do Norte. Na Europa, a quantidade de massacres entre povos encheria uma enciclopédia de 50 volumes. Ao mesmo tempo, a natureza ia sendo depredada sem dó. Em nome do progresso, florestas desapareceram, rios foram poluídos, e combustíveis tóxicos eram o padrão da indústria. O conceito de que os recursos naturais são finitos é muito recente. Foi só na segunda metade do século XX que algumas empresas começaram a perceber que sua responsabilidade ia além dos muros da fábrica. E se estendia à comunidade e à natureza. Esse é o futuro, e ele chegará tão rápido quando mais rapidamente as pessoas comuns adquirirem responsabilidade social. E passarem a só comprar produtos de empresas que usam parte de seus lucros para melhorar o mundo. Ou para impedir que ele continue piorando. Por enquanto, as poucas empresas que aderiram à responsabilidade social usam isso como Marketing. Um dia, e tomara que esse dia chegue logo, a responsabilidade social será uma obrigação de todos.

Blog: Quando olhamos o universo das empresas no Brasil, o que as empresas estão fazendo certo, o que pode ser melhorado e o que falta ser realizado quando o assunto é Responsabilidade Social?

Max Gehringer: O primeiro passo é destinar recursos no orçamento para programas de responsabilidade social. Essa é a diferença entre empresas com uma estratégia de longo prazo, e empresas que gastam mil reais para plantar uma dúzia de árvores, e dez mil reais para anunciar isso em jornais. Comparativamente, a área de responsabilidade social será o que a área de Recursos Humanos foi há 40 anos. De um departamento pessoal burocrático, ela se transformou numa Diretoria com peso equivalente a Vendas, Marketing, ou Produção. Esse é o grande salto que as empresas darão: ter um diretor de responsabilidade social, subordinado diretamente à presidência, e não um setor que fica perdido no meio do organograma, implorando por recursos.

Blog: Recentemente, criamos uma seção chamada Pesquisa do Blog e a primeira enquete foi a seguinte: “Qual a maior qualidade de um CEO”. Dentre as opções: foco em resultados, determinação, um exemplo para todos, saber tratar as pessoas, integridade de conduta e motivar os funcionários. Os participantes escolheram, com quase 60% dos votos, um exemplo para todos. Você pode comentar quais as razões que levaram as pessoas a votar maciçamente nessa opção?

Max Gehringer: Nas empresas, há algo chamado “cultura interna”. Ela está descrita em Manuais, é reproduzida em quadros de avisos, e está pendurada numa placa na recepção, com os imponentes títulos de “Nossa Visão” e “Nossa Missão”. Tudo isso é louvável, mas, não raramente, é um desperdício de energia e de recursos. Uma cultura interna se constrói de cima para baixo, a partir de exemplos práticos dos líderes. E, principalmente, do líder mais visível, o CEO. É ele quem motiva, quem inspira e quem mostra o caminho. Foi exatamente isso o que a pesquisa do blog revelou: as pessoas precisam de modelos de carne e osso, e não de literatura.

Blog: A segunda opção mais votada, com 25% dos votos, foi à integridade de conduta. Porque a ética está tão em evidência nos dias atuais? O que ela significa para os negócios?

Max Gehringer: Olhando de fora da empresa para dentro dela, é uma reação aos escândalos, antigos e recentes, que levaram à criação de leis para proteger os acionistas, principalmente os minoritários, das barbaridades perpetradas por dirigentes inescrupulosos. É o que se chama de Governança Corporativa. Mas quem respondeu à pesquisa está tendo outra visão: a de quem está dentro das empresas, olhando de baixo para cima, e tentando construir uma carreira. São profissionais que querem ter oportunidades iguais de promoção, que querem ter um bom trabalho reconhecido, e que querem ser avaliados por seus méritos, com transparência e isenção. Para que tudo isso aconteça, é preciso que existam gestores administrando com base na integridade e transparência.

Blog: Com a pressão por resultados ficando maior a cada budget, como podemos enfrentar e superar os dilemas éticos que encontramos a todo o momento?

Max Gehringer: A Ética é um conjunto de qualidades morais que uma sociedade define como aceitável. Isso pode parecer meio óbvio, mas não é. Durante milhares de anos, escravizar seres humanos foi considerado aceitável. O Brasil padece de um mal histórico: o da apologia à esperteza. Isso é endêmico, está em nossa cultura. Somos críticos com relação a quem se beneficia de algo por linhas tortas, e é por isso que os políticos se tornaram uma classe tão pouco respeitada. Mas a quantidade de gente disposta a aceitar esses mesmos benefícios, se uma oportunidade se apresentar, é enorme. Como povo, nós não reagimos com indignidade quando a secretária do médico pergunta: “Com ou sem nota fiscal?”, uma indagação que nos transforma em cúmplices de sonegação de imposto. Como povo, desde o século XVI, nós furamos filas, desrespeitando o direito de quem chegou antes. Como empregados, nós não vemos problema em levar uma caneta da empresa para casa. O que custa uma caneta para uma empresa que fatura milhões por mês? Os pequenos exemplos de esperteza do dia-a-dia são incontáveis. Essa cultura, espelhada na lei de Gérson, é a maior inimiga da Ética. E só há uma maneira de combatê-la. É punindo exemplarmente os faltosos (coisa que o Brasil não faz). Por isso, a Ética ainda vai continuar apanhando durante algum tempo, até que surja uma geração de brasileiros consciente de que atropelar a ética pode trazer pequenas vantagens individuais, mas causa enormes prejuízos coletivos.

Blog: Muitos Códigos de Ética corporativos determinam aos stakeholders, inclusive e principalmente os funcionários, que reportem qualquer irregularidade ou desconformidde aos órgãos competentes ou ao superior imediato. Como você encara essa questão? O denunciante não pode ser visto como “dedo duro”? O que fazer numa situação dessas? Mesmo o próprio Código de Ética expressar que a empresa não permitirá qualquer tipo de represália, o denunciante não corre risco?

Max Gehringer: Eu, pessoalmente, não conheço nenhum caso de alguém que tenha denunciado a empresa em que trabalha a algum órgão público. Conheço casos de pessoas que foram despedidas e denunciaram depois, mais por represália do que por princípios morais. Mas a implantação dos Códigos de Ética não deixou de ser um avanço notável. Eles são uma demonstração de que a empresa tem como objetivo ser transparente e íntegra no atacado, embora pequenos deslizes possam continuar ocorrendo no varejo. Eu trabalhei em duas empresas que tinham Códigos de Ética, e eles eram respeitados. Porque as denúncias eram apuradas, e os responsáveis eram punidos. E, principalmente, porque os altos executivos eram os primeiros a respeitar o que estava escrito.

Blog: O principal objetivo de uma empresa é e sempre será o lucro, pois sem resultados nenhuma empresa poder exercer suas responsabilidades as quais, em nossa opinião, envolvem a responsabilidade ética, social e ambiental, e elas devem ser inseparáveis e até indistinguíveis, sendo que o exercício dessas responsabilidades fará a empresa trilhar o caminho da tão sonhada sustentabilidade. A sustentabilidade nos negócios é possível ou se trata apenas uma utopia empresarial?

Max Gehringer: A utopia está mais na estrutura do que na vontade. Existem no Brasil cerca de 3 milhões de empresas privadas legalmente constituídas. Cerca de 90% delas são pequenas e micro empresas. Com a carga exagerada de impostos que pesa sobre elas, o empresário brasileiro primeiro precisa pensar na sobrevivência, para depois poder pensar em programas de responsabilidade social. Quando falamos em Governança Corportiva e em programas ecológicos, ambientais ou comunitários, estamos enfocando um universo muito pequeno de empresas. Umas 2%, se tanto, que empregam no máximo 10% da força de trabalho. Portanto, nós ainda temos uma distância enorme a percorrer. Focamos nossas cobranças nas grandes empresas, principalmente as multinacionais, porque são elas, através do exemplo prático, que mostrarão às demais a direção a seguir. Estamos no começo de um longo caminho, mas a boa notícia é que já botamos o pé na estrada.

Blog: Para finalizar, quais seus conselhos para aqueles jovem-executivos que sonham em se tornar presidente de suas empresas? Essas dicas também valem para as jovem-executivas?

Max Gehringer: Vale, claro. Daqui a uns 15 ou 20 anos, pelo menos a metade dos CEOs será do sexo feminino, porque a geração que atualmente ocupa cargos gerenciais irá ascender, e metade dos gerentes do Brasil já são mulheres. Meu conselho é que os jovens dêem importância igual ao estudo e ao networking. Atualmente, 80% das boas vagas vêm sendo preenchidas através de indicações diretas de pessoas que já trabalham na empresa. Portanto, montar um currículo acadêmico atrativo é mais do que recomendável, mas não é mais suficiente para abrir portas. A montagem desse círculo de relacionamento profissional começa na escola, com os professores e os colegas – principalmente aqueles colegas que têm pais bem colocados no mercado de trabalho.

Blog: Foi um bate papo muito agradável e um enorme prazer receber você no Blog Ética nos Negócios. Obrigado Max!

Max Gehringer: Eu que agradeço.

PERFIL

Nome: Max Gehringer

Idade: 57 anos

Aniversário: Nunca comemorei

Uma grande emoção: Ser pai

Um sonho realizado: Uma bela família

Uma meta futura: Viver mais e planejar menos

A maior paixão: Escrever

Melhor livro que escreveu: O próximo

Melhor livro que leu: A Bíblia

Filme inesquecível: Golpe de Mestre

Pontos fortes: Adaptação a novas situações

Pontos fracos: Pouca resistência a críticas

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Resultado Pesquisa do Blog

O CEO de sua empresa é um exemplo positivo para você?
  • SIM: 61,5%
  • NÃO: 38,5%
O resultado demonstra a importância das atitudes de um CEO que sempre serão um exemplo para toda a empresa.
Participe de nossa nova pesquisa!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Luiz Fernando Edmond da AMBEV

O Blog Ética nos Negócios tem a satisfação de conversar com o diretor-presidente da América Latina da maior indústria privada de bens de consumo do Brasil, a maior cervejaria da América Latina e referência mundial em gestão, crescimento e rentabilidade.

Nosso bate papo de hoje é com o CEO da Ambev – Companhia de Bebidas das Américas, Luiz Fernando Edmond.

A companhia que ele comanda é a líder no mercado brasileiro de cervejas, detentora do maior portfólio do país no setor de bebidas, está presente em 14 países e está consolidando a participação de suas marcas de cervejas, haja vista que seu market share passou de 63,2% (dez/03) para 68,1% (dez/04), perfazendo um aumento de quase 5 pontos percentuais, segundo a AC Nielsen, mantendo-se neste patamar em 2005.

Além disso, a AmBev atua em quase toda a América Latina por meio de operações próprias (Venezuela, Guatemala, Peru, Equador, Nicarágua, El Salvador e República Dominicana) e da associação com a Quilmes (Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile), na qual detém hoje participação de mais de 91%. Além disso, com a aliança global firmada com a InBev, no início de 2004, a Ambev passou a ter operações na América do Norte com a incorporação da Labatt canandense, tornando-se a Cervejaria das Américas.

Blog: Bom dia Luiz Fernando. Primeiramente queremos te agradecer, pois mesmo com seus inúmeros afazeres, você está concedendo essa entrevista ao Blog Ética nos Negócios. Obrigado por essa oportunidade. Já é uma tradição no Entrevista CEO iniciar nossa conversa, informando aos nossos leitores, um pouco sobre a pessoa que será entrevistada. Por essa razão, você pode nos contar quem é o Luiz Fernando Edmond?

Luiz Fernando: Bom dia é um prazer participar dessa entrevista com vocês. Bom, sou formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. E antes de ingressar na então Companhia Cervejaria Brahma em 1990, tive uma rápida passagem pelo Banco Nacional.

Blog: Esse ano você completa 17 anos de empresa. Iniciando no primeiro grupo do Programa de Trainees da Brahma. Conte-nos sobre sua trajetória profissional até assumir a presidência para a América Latina da Ambev? E, qual a importância dos programas de trainees para o sucesso de uma organização?

Luiz Fernando: Entrei na Cia em 1990, na primeira turma de trainees da então Companhia Cervejaria Brahma. Desde então, ocupei diversas posições nas áreas Comercial, de Operações e Distribuição da AmBev. Em 1994 fui para a Argentina participar da primeira operação internacional da Companhia e em 1996 tornei-me diretor regional naquele país. Em 2002, fui nomeado Diretor de Vendas e Distribuição da empresa. E em janeiro de 2005, assumi a direção-geral da AmBev. Atualmente, a Cia tem 16 diretores que ingressaram como trainees assim como eu, ou seja, pode-se afirmar que de cada turma de trainees da AmBev saiu um diretor. O Programa Trainee AmBev já formou mais de 500 pessoas e o consideramos a principal porta de entrada na Cia.

Blog: Você poderia nos relatar um case de sucesso durante todos esses anos de companhia que possa servir de exemplo a outros executivos?

Luiz Fernando: Em 2006 realizamos o projeto Gente do Bem, que considero um dos mais importantes cases de responsabilidade corporativa da AmBev. O evento contou com a colaboração de cerca de 15 mil funcionários e atingiu todas as unidades AmBev no Brasil. Nós abrimos as portas das nossas fábricas e centros de distribuição para as comunidades locais e junto com os nossos funcionários os convidados assistiram a um vídeo produzido a partir do tema do livreto ‘Como falar sobre uso do álcool com seus filhos’ elaborado pelo CISA – Centro de Informação sobre Saúde e Álcool.

Blog: A Ambev é a 5ª maior cervejaria do mundo; líder do mercado brasileiro; 10 bilhões de litros de bebidas vendidos por ano; única cervejaria que abastece todas as Américas; com atuação em 14 países; 51 fábricas nas Américas e 1 milhão de pontos de venda no Brasil. Quais os desafios para administrar uma companhia deste porte?

Luiz Fernando: Sonhar o impossível com ousadia, coragem e disposição são os maiores desafios. Nossos consumidores estão em primeiro lugar, nossa gente faz a diferença e atuamos como líderes. Sendo assim, fazemos as coisas acontecerem com paixão pela execução.

Blog: A Ambev não é somente uma empresa de cervejas. Ela é uma Companhia de Bebidas. Quais as conquistas da Ambev no segmento de bebidas não alcoólicas? Quais as perspectivas futuras?

Luiz Fernando: Você está certo! A AmBev contém um vasto portifólio de produtos e está sempre atenta às tendências do mercado. Dentro do segmento de bebidas não alcoólicas além dos refrigerantes, isotônicos, chás prontos e água mineral, no ano passado tivemos o lançamento da cerveja Líber com 0,0% de álcool. No final deste ano a cia lançou mais um sabor para o isotônico Gatorade e o recém-lançado H2OH, que está sendo muito bem aceito por nossos consumidores.

Blog: A Ambev se consolidada a cada ano no mercado de cervejas. Quais as precauções e os desafios que a líder de mercado tem que ter para manter sua liderança ao longo do tempo?

Luiz Fernando: Acreditamos que uma de nossas principais expectativas futuras é disponibilizar para o mercado as melhores marcas, produtos e serviços que possibilitem a criação de vínculos fortes e duradouros com consumidores e clientes, além de consolidar a expansão internacional da Companhia.

Blog: A Ambev é referência mundial entre as indústrias de bebidas, especialmente, por seus resultados excepcionais. Primeiro, pela receita líquida da Ambev ficar na casa do R$ 15,9 bilhões em 2005 superando em 32,9% o valor de 2004. Depois por seu lucro líquido em 2005 cravar a marca de R$ 1,5 bilhões, crescimento de 33,1% em relação a 2004. E, especialmente, por um outro importante indicador de desempenho do setor, o chamado EBITDA (earnings before interest taxes, depreciation and amortization). A companhia em 2005 cresceu 39% em relação a 2004, pois o EBITDA consolidado atingiu R$ 6,3 bilhões ante os R$ 4,5 bilhões de 2004 - que já havia tido significativo crescimento frente os 3,07 bilhões apresentados em 2003. Em sua opinião a que se deve estrondoso sucesso? Qual o peso do Jeito Ambev e da Gente Ambev nesses resultados?

Luiz Fernando: Com uma estratégia de crescimento fundamentada em princípios de gerenciamento de receita e custos, a AmBev considera como sua principal vantagem competitiva seus funcionários e a sua cultura. A Gente AmBev tem realmente, uma grande parcela nesses ótimos resultados da cia, nossos vendedores, por exemplo, visitam cada ponto de venda em média duas vezes por semana. O dia de trabalho começa com uma animada e motivadora reunião geral das equipes, quando são estabelecidas metas, estratégias e táticas para a melhor execução no ponto de venda. Os vendedores saem para as ruas equipados com palm tops que permitem acesso a uma base de dados sobre cada estabelecimento (histórico de pedidos, estoques, tipos de embalagens, preço médio, etc). Pela diversidade de formatos de canais de venda, esse modelo torna mais efetivo o processo de negociação e permite apresentar uma proposta de vendas que atenda às necessidades do cliente até a próxima visita.

Blog: Os resultados neste ano serão semelhantes aos de anos anteriores? Por quê?

Luiz Fernando: Bem, os resultados do terceiro trimestre indicam que 2006 foi um ano muito especial para a AmBev. A liderança na operação no Brasil tem em seus alicerces a busca constante por novas ações e a relação de parceria com os pontos-de-venda. Com relação aos anos anteriores posso lhe fazer uma rápida comparação do market share do ano passado para este. No terceiro trimestre de 2005 tínhamos 68,1% e em 2006 este número subiu para 68,6% na comparação com o mesmo período.

Blog: Quais os planos e perspectivas de negócios para 2007 no Brasil? E, para o exterior? Já existem lançamentos de novos produtos previstos dentro e fora do país?

Luiz Fernando: Por se tratar de uma empresa de capital aberto, informações financeiras, investimentos e dados contábeis da Cia. não podem ser divulgados isoladamente.

Blog: O Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios acredita que as empresas possuem três distintas, mas inseparáveis e até indistinguíveis responsabilidades, são elas: a Responsabilidade Ética, a Responsabilidade Social e a Responsabilidade Ambiental, a qual chamamos de Tripla Responsabilidade Corporativa. E, é o exercício dessas responsabilidades que conduzirá uma empresa para a sustentabilidade. Gostaria de iniciar tratando da Ética nos Negócios. Qual a importância desse tema para uma companhia como a Ambev? Quais as vantagens competitivas que podemos conquistar ao tratar nossos negócios com integridade ética?

Luiz Fernando: Este tema é muito relevante para a AmBev, uma companhia que conjuga desenvolvimento com sustentabilidade. Por este motivo, investimos em contrapartidas sociais e ambientais nas localidades onde atuamos. Esse é um compromisso que extrapola a crescente criação de empregos e a arrecadação de tributos, que em 2005 atingiu R$ 7,2 bilhões. Compartilhamos conhecimento e gestão com a cadeia produtiva, investimos na formação de talentos, em políticas de preservação ambiental, no fomento à cultura e às manifestações culturais dos países onde estamos presentes e somos pioneiros em ações de consumo responsável de bebida alcoólica. As vantagens obtidas com a adoção deste modelo são inúmeras. Para citar um exemplo, a AmBev desenvolve no município de Maués (AM) uma série de ações para renovar e aumentar a produtividade dos guaranazais da região. Estas ações incluem doação de mudas, incentivos aos produtores, cultivo e estudo de mudas de alta produtividade, etc. O aumento da produtividade beneficia tanto para os produtores – que aumentam seus ganhos – como para a AmBev, que garante a qualidade do guaraná, usado para produzir o Guaraná Antarctica.

Blog: Recentemente, nossa instituição divulgou o resultado da 1ª Pesquisa sobre Código de Ética Corporativo realizada no Brasil. Nela a Ambev aparece como uma das empresas no país que elaborou, adotou e divulga seu Código de Ética entre seus stakeholders internos e externos. Em sua opinião, qual a importância desse instrumento? Quais as suas principais funções e objetivos?

Luiz Fernando: O Código de Ética Corporativo é extremamente importante porque define quais são os valores que vão nortear a atuação de uma empresa. Na AmBev, por exemplo, o jeito AmBev de fazer as coisas orienta nossas ações e nosso comportamento, além de nos diferenciar e mostrar quem somos, incluindo valores, crenças, práticas e princípios gerenciais.

Blog: Que orientações você daria àqueles empresários e executivos que desejam elaborar seu Código de Ética Corporativo? Vale a pena?

Luiz Fernando: Antes de elaborar um código de ética corporativo, a empresa precisa definir quais são as suas competências, valores, cultura e objetivos. Só desta maneira é possível discutir as melhoras formas de se atingir os resultados e, posteriormente, elaborar um código de ética para a empresa.

Blog: Além de sua credibilidade e bem querer junto aos consumidores, a Ambev conquista mais um importante rótulo junto a toda opinião pública e a imprensa: o de Empresa Socialmente Responsável, pois foi uma das empresas-modelo indicada pelo tradicional Guia de Boa Cidadania Corporativa da Revista EXAME, em função da promoção do Consumo Responsável de Bebida. Você acredita que, por ser a Ambev fabricante de cervejas, aumenta sua responsabilidade social? Por quê?

Luiz Fernando: Acredito que é dever de todas as empresas agir com responsabilidade social, independentemente do setor que atuam. Como foi respondido anteriormente, a AmBev é uma companhia investe em contrapartidas sociais e ambientais nos locais onde atua. Em Maués (AM), por exemplo, a Companhia desenvolve o Projeto Maués para contribuir com o desenvolvimento sustentável da região; desde 2001, a AmBev também realiza campanhas de consumo responsável para orientar o público sobre os riscos de beber e dirigir. Por fim, a Companhia também procura reduzir os impactos da produção no meio ambiente por meio da adoção de práticas de gestão ambiental.

Blog: Quais as ações mais importantes da Ambev para conscientizar e disseminar o conceito de Consumo Responsável de Bebidas? Existem ações específicas sobre os perigos de se beber e dirigir e também a proibição de vendas de bebidas alcoólicas a menores de idade?

Luiz Fernando: A AmBev desenvolve de maneira pioneira, desde 2001, o Programa AmBev de Consumo Responsável para alertar os consumidores sobre o risco de beber e dirigir. O Programa é norteado pelas premissas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é disseminado por meio de peças publicitárias, distribuição de painéis e banners com a mensagem “Se beber não dirija”, campanhas de orientação voltadas para proprietários de bares e restaurantes sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, doação de mais de 20 mil bafômetros para governos das principais capitais nacionais, realização de ações específicas em eventos, como Skol Beats e Boteco Bohemia, que incluem oferecimento de transporte gratuito, táxi com desconto e distribuição de material educativo. A Companhia também é uma das patrocinadoras do CISA - Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, uma que reúne dados científicos e oficiais sobre o tema.

Blog: Um dos destaques da Ambev em relação ao tratamento dado ao meio ambiente são seus indicadores de EcoEficiência. Você pode nos detalhar essa política? A ecoeficiência acaba melhorando a rentabilidade da empresa?

Luiz Fernando: Todas as fábricas da AmBev adotam práticas para reduzir os impactos da produção no meio ambiente. Estas práticas foram sistematizadas e padronizadas em 1996 com a criação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e hoje são aplicadas em todas as unidades da Companhia. O objetivo do SGA é atingir a ecoeficiência, ou seja, garantir a competitividade da Companhia sem prejudicar o meio ambiente. Para atingir este resultado, as fábricas da AmBev procuram diminuir a necessidade de captação de água, reduzir o consumo de energia, aumentar o índice de reciclagem dos resíduos e diminuir a emissão de poluentes. Os resultados de 2005 mostram que as fábricas da Companhia economizaram 1,3 bilhão de m3 de água, reaproveitaram cerca de 97% dos resíduos e deixaram de emitir 99,4 mil toneladas de CO2 na atmosfera. Atingir a ecoeficiência também é rentável para a AmBev. Ao reduzir o consumo de recursos hídricos, a Companhia poupou R$ 1,2 milhão no ano passado; com o reaproveitamento dos subprodutos, foi gerado R$ 51 milhões; a substituição das fontes tradicionais de energia por fontes limpas também fez com que a Companhia economizasse R$ 5,7 milhões.

Blog: Um dos focos das ações de responsabilidade social da Ambev é a educação. Em sua visão, qual a importância de uma empresa investir em educação? E, quais os principais projetos patrocinados pela Ambev nesta área?

Luiz Fernando: A competência mais importante para a AmBev é recrutar, formar, motivar e manter os melhores profissionais com o compromisso de desenvolvimento de seus funcionários. Um dos principais projetos voltados para este compromisso é a Univeridade AmBev (UA). Criada em 1995, proveniente da Universidade Brahma, a UA tem o papel de garantir o aprimoramento da Gente AmBev. Para se ter uma idéia, em 2006 houve um investimento de R$ 18 milhões em bolsas de graduação e pós-graduação, com isso, cerca de 50% dos funcionários foram treinados pelos cursos da UA, totalizando um número aproximado de 3.100 profissionais capacitados pela UA. Alguns dos principais apoios da UA são bolsas de graduação, pós-graduação e treinamentos na função de vendas, supply, marketing, operações, logística, administrativo, financeiro etc. A UA também financia cursos de idiomas para seus funcionários com maior interface com a InBev e com as unidades de América Latina Hispânica (operações internacionais).

Blog: Você já falou um pouco sobre a reciclagem anteriormente, mas gostaríamos que nos contasse um pouco mais sobre a importância da reciclagem para uma empresa, para uma sociedade e para um país?

Luiz Fernando: No ano passado, as fábricas da AmBev reciclaram 97% dos resíduos sólidos, sendo que 12 delas ultrapassaram o percentual de 99% de reaproveitamento. Para atingir estes resultados expressivos, as unidades da Companhia tratam os resíduos como subprodutos. Por exemplo, o bagaço de malte, derivado da produção de cerveja, é utilizado como fonte de proteína para ração animal; o fermento é utilizado na composição de aromatizantes usados em sopas e caldos; a polpa dos rótulos é utilizada como matéria-prima em fábricas de papel e papelão; a terra infusória descartada da filtração de cerveja é usada como adubo orgânico. A reciclagem é importante para poupar os recursos naturais e, conseqüentemente, proteger o meio ambiente.

Blog: Para a Ambev o que significa Desenvolvimento Sustentável? E, quais as atitudes corporativas que estão sendo implementadas visando a conquista da sustentabilidade nos negócios?

Luiz Fernando: Desenvolver-se de maneira sustentável significa para a AmBev ser lucrativa e, ao mesmo tempo, responsável. Como foi respondido em outras perguntas, a Companhia investe em programas de consumo responsável, em políticas de preservação ambiental e no desenvolvimento social dos locais em que atua.

Blog: Para finalizar, você tem algum outro assunto que queira comentar? Fique à vontade!

Luiz Fernando: A AmBev cumpre rigorosamente seus compromissos fiscais. Tanto é verdade que entre as empresas privadas, a AmBev é a quinta maior pagadora de impostos do Brasil. Por esta razão, a Companhia comemora a decisão da Receita Federal de estender para as fábricas de refrigerante a obrigatoriedade dos medidores de vazão. O equipamento, que envia dados sobre o volume de bebida produzido por cada linha diretamente ao Fisco, é fundamental no combate à evasão fiscal no setor, que é estimada em R$ 600 milhões/ano. A medida é decisiva para aumentar a arrecadação e permitir o crescimento sustentado do País, além de bastante positiva para as empresas do setor que cumprem suas obrigações tributárias.

Blog: Agradecemos a participação do Luiz Fernando Edmond – Diretor-Presidente da Ambev para a América Latina por tão honrosa participação no Entrevista CEO. Muito obrigado!

Luiz Fernando: Eu que agradeço. Até a próxima!

quinta-feira, 29 de março de 2007

Marco Bologna da TAM

O serviço prestado por essa empresa proporciona a alguns poucos clientes um tremendo frio na barriga misturado com o sentimento de medo, porém para muitos, é uma sensação única, bastante prazerosa e um dos sonhos da humanidade que foi realizado pela primeira vez, há 100 anos por um brasileiro, pois afinal de contas: Você Nasceu Para Voar!

Essa empresa é 100% nacional, fundada no início da década de 60 e se tornando a maior companhia do setor com quase 50% de market share, cobrindo toda a extensão do território nacional, transportando em 2006 22,5 milhões de passageiros nas 48 cidades de sua operação e no mercado internacional 2,5 milhões em seus 11 destinos além daqueles realizados através de acordos comerciais com as maiores companhias do mundo.

O sucesso dessa companhia se deve em parte pela herança de rotas de três tradicionais empresas que acabaram deixando de existir por má administração, mas sua maior performance se deve a competência e a paixão na qual seu fundador conduziu os negócios da empresa até 2001, ano de sua morte. Esse homem foi o saudoso Comandante Rolim e até hoje seu DNA está impregnado na filosofia e nas ações corporativas da TAM que atualmente conta com 100 aeronaves (Airbus A330, A320, A319, MD-11 e Fokker-100) e com mais de 13.000 funcionários.

Nosso convidado de hoje é Marco Antonio Bologna, presidente da TAM desde Janeiro de 2004 e o responsável por conduzir e manter a companhia na liderança do mercado de aviação no Brasil.

Blog: O Blog Ética nos Negócios agradece a presença do CEO da TAM. É uma imensa satisfação recebe-lo. Como sempre fazemos, queremos iniciar esta entrevista conhecendo a pessoa do Marco Antonio Bologna. Fale de você!

Marco Bologna: Sou paulistano, palmeirense, motociclista.

Blog: Conte-nos sobre sua carreira profissional e suas experiências até chegar a cabine de comando da TAM como CEO.

Marco Bologna: Sou engenheiro de produção pela Escola Politécnica da USP, formado em 1978. Possuo extensão em Serviços Financeiros pela Manchester Business School - UK, em 1988.
Trabalhei de novembro de 1977 a março de 2001 no mercado financeiro, passando pelo Banco Francês e Brasileiro, Lloyds Bank, Chase Manhattan, Banco Itamarati, Banco SRL e Banco Inter American Express, de onde saí como Diretor Superintendente.
Em março de 2001, atendendo ao honroso convite do fundador da TAM, comte. Rolim Adolfo Amaro, vim para a companhia para ser Vice-Presidente de Finanças e Gestão e Diretor de Relações com o Mercado. Em 19 de janeiro de 2004, assumi a presidência da companhia.

Blog: O Comandante Rolim implantou a Política da TAM que se baseia em duas regras fundamentais: 1ª Regra - O cliente sempre tem razão e a 2ª Regra - Se o cliente alguma vez estiver errado, releia a 1ª regra e também os 7 Mandamento da TAM que resume a filosofia na qual a companhia deve conduzir os negócios. Seu estilo, competência e paixão pela empresa acabaram revolucionando o mercado de aviação no Brasil em função, principalmente, das ações impostas pela TAM que surpreendiam e encantavam seus clientes. Exemplo disso é o tapete vermelho e a presença do comandante da aeronave cumprimentando todos os passageiros quando do embarque. O mundo mudou, o mercado também e hoje existe até empresa de baixo custo. Como esses valores e princípios funcionam na prática no dia-a-dia da TAM e qual sua importância? E, como a TAM consegue preservar suas raízes neste novo cenário?

Marco Bologna: A forte cultura corporativa legada de nosso fundador, Comandante Rolim Adolfo Amaro, permeia todos os níveis da Companhia e continua a nortear as ações da Administração em seu dia-a-dia. Essa cultura é evidenciada por toda nossa linha de frente e integra os treinamentos oferecidos aos novos colaboradores de forma que toda a companhia atue em consonância com as melhores práticas e nosso diferencial de serviços.
Nossa prioridade estratégica para o futuro continua sendo consolidar e ampliar a liderança no mercado doméstico de passageiros, obtendo rentabilidade. No mercado internacional, a TAM irá aproveitar a oportunidade apresentada em função do novo cenário competitivo para consolidar sua atual posição de liderança nesse segmento. Buscamos essas metas através da oferta de serviços com relação valor-preço superior, da continuidade da redução de custos e do melhor aproveitamento do capital empregado.

Blog: O Blog Ética nos Negócios publicou um post com o seguinte título: O Risco da Empresa Líder de Mercado demonstrando uma sutil ameaça que somente paira sobre o ambiente corporativo das líderes. Para chegar ao topo do mercado é necessário um conjunto de fatores e, sobretudo ações corporativas de excelência que são incentivadas pelo desejo natural de ser a "número 1". Por muitas vezes, as empresas líderes acabam, digamos assim, deitando em berço esplendido e correndo o risco desnecessário de poder ver desmoronar tudo o que foi orquestrado e apoderado com muito empenho, dedicação e determinação, e sabemos que, reconquistar o espaço perdido é muito mais difícil e requer maiores investimentos. Quais os antídotos da TAM para ficar imune a esse risco?

Marco Bologna: Conforme ressaltamos na apresentação do Relatório Anual de 2006, chegamos aos 30 anos de existência da Companhia sem perder de vista iniciativas alinhadas aos ganhos de eficiência e de produtividade para manter serviço diferenciado com preço competitivo. Esses são os pilares que dão a sustentação ao nosso crescimento e que nos motivam a perseguir sempre os melhores padrões de gestão ética que assegurem a perenidade de nossa Companhia. Ainda como legado de nosso fundador, Comandante Rolim Amaro, temos como um de nossos mandamentos A Humildade é Fundamental que, na verdade, nos disciplina a medir constantemente a qualidade de nossos serviços pela satisfação dos clientes. E, conseqüentemente, a buscar sempre o aprimoramento de nosso atendimento.

Blog: A TAM cumpriu e superou praticamente todas as suas Metas Operacionais para 2006 com exceção da redução de custos, especialmente em função dos aumentos no preço dos combustíveis de aviação. Comente sobre esse resultado, quais os principais objetivos para 2007 e as perspectivas de negócio na aviação nacional e internacional.

Marco Bologna: A TAM encerrou o exercício de 2006 com receita bruta total de R$ 7,7 bilhões, aumento de 30,3% em relação a 2005. Nos mercados doméstico e internacional, a empresa transportou 27,9% mais passageiros em relação ao ano anterior, totalizando 25 milhões de pessoas. O segmento de cargas continuou avançando e contribuiu para o resultado positivo da empresa, com crescimento de receita em 19,5%. O Programa Fidelidade – com 3,8 milhões de associados e mais de 4,1 milhões de bilhetes distribuídos – também se consolidou como fonte de receitas para TAM e as parcerias com o programa reverteram em R$ 207,2 milhões, aumento de 143,7% em faturamento. O lucro líquido apurado em 2006 foi de R$ 556 milhões. Em US GAAP (padrão contábil dos EUA), o lucro foi de R$ 808,8 milhões.
Para 2007, estimamos crescimento do mercado doméstico entre 10% e 15%. Estamos prevendo participação no mercado brasileiro (“market share”) acima de 50% e taxa de ocupação dos aviões na casa dos 70%. No segmento internacional, buscaremos aumentar nossas operações e ampliar sua participação entre as empresas brasileiras que voam ao exterior. Além do já anunciado vôo a Milão, pleitearemos mais uma nova freqüência de longo curso neste ano e avaliaremos atentamente as oportunidades que surgirem nesse mercado.
A perspectiva de crescimento contínuo do mercado doméstico aliada às oportunidades que se apresentam no segmento internacional nos faz acreditar que a aviação comercial no Brasil tem forte potencial para manter sua trajetória de ascensão observada nos últimos anos.

Blog: O Brasil vive, desde o ano passado, um caos nos aeroportos e essa situação impacta nos resultados e acaba maculando a imagem das companhias aéreas. A que se deve essa inusitada situação? O que se deve ser feito por todos os envolvidos? O que os clientes devem esperar para os próximos meses?

Marco Bologna: Os episódios mostraram que há deficiências a serem resolvidas e gargalos relacionados à infra-estrutura a eliminar. Entendemos que o desconforto vivido pelos passageiros nos aeroportos nos últimos meses foi resultado de um momento atípico da aviação civil em que diversos fatores adversos agiram simultaneamente e evoluíram para uma situação que acreditamos ser inaceitável para todas as partes envolvidas. Mas acreditamos que essas questões estão encaminhadas e todas as pontas dessa cadeia de serviços estão empenhadas em resolvê-las o mais rapidamente possível.
Ainda dentro deste contexto, olhando pelo lado positivo, observamos que o aumento de número de pessoas viajando de avião e o uso mais intenso do avião como transporte pela sociedade brasileira vêm contribuindo para uma maior popularização do transporte aéreo. Porém, é claro que essa expansão reflete nos aeroportos e em todos os serviços a eles relacionados.

Blog: Os especialistas alegam que o duopólio do mercado de aviação brasileiro pode prejudicar o consumidor, mas na prática, não é isso que notamos: novas empresas estão entrando no mercado e a disputa por passageiros nunca esteve tão acirrada com inúmeras promoções. Qual sua opinião a esse respeito? O que nós, consumidores, podemos esperar?

Marco Bologna: Entendemos que o mercado brasileiro de aviação civil é pulverizado em termos de participantes. Atualmente existem 14 empresas operando, há liberdade de preços, liberdade para voar, as regras são democráticas. A dinâmica concorrencial tem contribuído para que não haja elevação de preços e para uma busca constante de eficiência do transporte. Portanto, não concordamos que haja monopólio ou duopólio no setor.
Quanto ao fato de termos atualmente no Brasil duas empresas com posições relevantes de mercado, se observarmos o mapa da aviação no mundo, veremos que esse cenário se repete na maioria dos mercados. É assim na França, na Alemanha e mesmo nos Estados Unidos. Por ser de capital intensivo, nosso negócio precisa de escala. A cadeia produtiva também tem essa característica. Duas ou três empresas fornecem aviões, duas vendem o combustível, uma única fornece o aeroporto, outras poucas fornecem peças etc. Com relação aos consumidores, acreditamos que prevalecerá um ambiente de concorrência saudável que beneficiará os passageiros considerando que as empresas ampliaram suas frotas levando em conta o crescimento da demanda.

Blog: Ano após ano, a TAM vem conquistando prêmios. Fale sobre os de maior destaque. Qual o peso dos Diferenciais da TAM nesses reconhecimentos?

Marco Bologna: A TAM foi eleita em março de 2007 a Companhia Aérea do Ano pela revista especializada Avião Revue, premiação que elege a mais completa companhia aérea brasileira com base em avaliações feitas por um júri composto por 14 especialistas que avaliaram itens como frota, manutenção dos aviões, imagem da companhia, índices operacionais, serviço de bordo, entre outros.
Fomos honrados ainda com os seguintes prêmios no decorrer de 2006: As Empresas que mais Respeitam o Consumidor e Excelência em Serviços ao Cliente, premiações conferidas pela revista Consumidor Moderno na categoria Companhias Aéreas; O Melhor de Viagem e Turismo – na categoria Melhor Companhia Aérea de 2006, pela revista Viagem e Turismo, da Editora Abril; Marcas de Cofiança na categoria Companhia Aérea, apurada a partir de pesquisa do Ibope/Solutions; As Empresas Mais Admiradas no Brasil, na categoria Melhor Empresa Aérea Brasileira em 2006, pela revista Carta Capital; e Melhora Companhia Aérea pela revista Aero Magazine, entre outras.
Consideramos conquista relevante a entrada de nossa companhia para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da Bovespa, em conseqüência da constante preocupação da empresa com a implementação de boas práticas de responsabilidade social e ambiental presentes no mundo moderno.
Também destacamos a escolha da TAM como melhor companhia em práticas de Governança Corporativa da América Latina pelo IR Global Rankings, a partir de critérios como responsabilidade de prestação de contas da administração, conselho de administração, proteção de minoritários, estrutura de capital e transparência.

Blog: Uma das maiores responsabilidades de uma companhia aérea seja em relação as vidas humanas, principalmente em razão de sua atividade fim. Apesar das estatísticas comprovarem que o avião é o meio de transporte mais seguro do mundo, os acidentes, geralmente, são fatais. Como a TAM exerce essa sua responsabilidade?

Marco Bologna: A segurança de vôo constitui importante mandamento da TAM legado pelo Comandante Rolim (Mais importante que o cliente é a segurança) e é a base para se operar a Companhia como organização de prestação de serviços em transportes aéreos de forma segura e eficiente.
A TAM segue rigorosamente normas e padrões estabelecidos pelas autoridades aeronáuticas brasileiras, subordinadas ao Comando da Aeronáutica - e pelas organizações internacionais -ICAO (International Civil Aviation Organization) e IATA (International Air Transport Association). É filiada aos mais importantes órgãos de segurança de vôo da aviação civil no mundo, entre eles a FSF (Flight Safety Foundation), a maior organização mundial não-governamental de safety.
A Companhia participa ativamente na coordenação do Comitê Regional de Segurança de Vôo (RCG) para as Américas, da IATA. Além disso, a Companhia segue as regulamentações da FAA (Federal Aviation Administration), órgão que controla a aviação civil norte-americana e do NTSB (National Transportation Safety Bord) e DoT (Department of Transportation), atendendo plenamente aos seus rigorosos padrões de qualificação para operar no espaço aéreo norte-americano.
A TAM está permeada em todos os seus níveis, pela cultura “safety”, descrita como: “a geratriz de todo um elenco e prevenção indispensável à preservação de recursos humanos e materiais” e que adota como princípio que “a Companhia tem que ser segura como um todo, onde a participação de cada um é vital e imprescindível”.
Em julho de 2006, três meses antes de iniciarmos nosso vôo diário para Londres, tornamo-nos integrante efetiva do United Kingdom Flight Safety Committee (UKFSC), associação de entidades e profissionais dedicados ao aprimoramento da segurança de vôo na aviação comercial no Reino Unido. No mesmo ano, passamos a membro do steering committee do Emergency Response and Planning Task Force (ERPTF) da IATA.
Em janeiro de 2007, recebemos a certificação IOSA (IATA Operational Safety Audit), o mais completo e aceito atestado internacional em segurança operacional. Essa certificação inclui oito aspectos principais para uma operação segura em uma companhia aérea: controle operacional; operações de vôo; despacho operacional de vôo; engenharia e manutenção das aeronaves; operações de cabine, ‘ground handling’ (check-in e serviço de solo); operações de carga e security. Esses itens englobam mais de 700 requisitos que necessitam ser integralmente atendidos para se obter a certificação IOSA.

Blog: Vamos começar a falar sobre atuação responsável. Como são conduzidas as questões relacionadas a Ética nos Negócios na TAM? Qual a importância desse tema para o sucesso de uma empresa?

Marco Bologna: Acreditamos que a ética está diretamente vinculada ao objetivo de assegurar a perpetuidade da companhia. É por esse motivo que a TAM lançou em 2006 o Código de Conduta Ética, reunindo e documentando os princípios, valores, os compromissos e as crenças para uma atuação empresarial ética, abrangendo as partes interessadas tais como: empregados, fornecedores, consumidores/clientes, comunidade, governo e acionistas minoritários.
Além disso, como mais uma ação da campanha de Ética e Governança Corporativa, a TAM estabeleceu uma parceria com uma empresa norte-americana para exercer o papel de ouvidoria (interna e externa). Com este novo serviço, batizado de Canal de Ética TAM, todos os Empregados TAM do Brasil e dos demais países onde a empresa atua podem externar suas preocupações relacionadas à ética pela internet ou por telefone.

Blog: O Comandante Rolim dizia que “Ser participativo é uma questão de respeito, de solidariedade e de amizade. Ser participativo é uma questão de amor". O que significa Responsabilidade Social para a TAM?

Marco Bologna: A TAM tem um senso muito claro das suas obrigações sociais e das relações com a comunidade. Além de cumprir com seus deveres legais e estar rigorosamente em dia com suas obrigações, a empresa preza por agir de forma exemplar no relacionamento com a sociedade, tendo como prática de gestão aspectos relacionados à ética e a transparência para com todos os públicos com os quais se relaciona.

Blog: Fale sobre os principais Projetos Sociais da TAM?

Marco Bologna: A TAM mantém uma política de responsabilidade social baseada em duas vertentes: ações externas (através de investimento social, doações de passagens aéreas para projetos sociais, parcerias com instituições ligadas ao Terceiro Setor, tratamentos de saúde e transporte de órgãos, além da doação para entidades carentes de itens remanescentes das aeronaves e advindos de campanhas de arrecadação junto aos seus colaboradores) e ações internas (direcionadas aos seus colaboradores).
Desde sua implantação, diversos projetos foram e continuam sendo apoiados pelo programa. Entre eles, estão a organização social brasileira Faça Parte, as atividades do Brazil Foundation, o Instituto Ayrton Senna, o Projeto Próximo Passo, o Projeto Escravo Nem Pensar, a Associação Asas de Socorro, o EcoTAM e o TAM Show.
Em 2005, o programa foi remodelado sob a denominação Sob as Asas da TAM e ganhou nova dimensão, inclusive com a publicação do primeiro Balanço Social consolidando todas as ações da Companhia realizadas pela empresa em 2004.
Como resultado da reestruturação e com o objetivo de concentrar esforços de forma planejada e estratégica, os investimentos sociais de 2006 passaram a ser orientados sob o foco na área temática da Cidadania e realizados por meio de apoio a projetos enquadrados nos temas de Geração de Trabalho e Renda, Desenvolvimento Local Sustentável e Meio Ambiente e que atingiram mais de 250 pessoas diretamente através de capacitação, conscientização e auxilio no desenvolvimento local e na sustentabilidade das comunidades em que os projetos estão situados.
A vertente das ações de responsabilidade social voltadas para o público interno, constituído pelos funcionários diretos, estagiários, prestadores de serviços e outros profissionais que atuam no dia-a-dia da companhia, é focada principalmente em comunicação, preservação da saúde dos profissionais e inclusão social.

Blog: A TAM também é uma empresa preocupada com o meio ambiente. Cite os programas de maior destaque?

Marco Bologna: A TAM tem desenvolvido diversas ações ambientais em especial no Centro Tecnológico em São Carlos, onde a empresa realiza a manutenção de toda sua frota de aviões. Nele, são realizadas ações como segregação na origem e reaproveitamento de resíduos, tratamento de efluentes, plantio em áreas de reserva legal e manutenção de viveiro.
Além disso, todos os processos de licenciamento e monitoramentos ambientais para a renovação das licenças de operação da TAM buscam as boas práticas de preservação do meio ambiente.
Com relação aos resíduos sólidos, em toda a TAM eles são separados por classes e para cada tipo de resíduo são emitidas licenças específicas e dado um destino apropriado, conforme determinações dos órgãos ambientais. Todos os recicláveis são encaminhados para venda e a renda é revertida para o Programa Estilo de Vida.
Trabalhando na preservação da natureza também fora da companhia, a TAM apóia o núcleo de fauna do IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – desde 2005, colaborando no projeto de repatriação da fauna silvestre por meio do transporte de animais aos seus respectivos habitats naturais.
O meio ambiente é um de nossos focos na área de Responsabilidade Social para 2007. Nós voltaremos aos projetos de proteção florestal e reflorestamento, também incentivando pesquisas na área do desenvolvimento sustentável. Mobilizaremos recursos humanos e financeiros em iniciativas de transformação da realidade do país sempre voltadas ao desenvolvimento sustentável.

Blog: Falando em meio ambiente, um dos assuntos que estão na agenda de qualquer empresa responsável é o aquecimento global. Quais os planos da TAM para contribuir com a redução das emissões dos gases de efeito estufa? A TAM já estuda uma maneira de tentar neutralizar parte ou a totalidade das emissões de suas aeronaves?

Marco Bologna: Esta é uma questão muito importante para o nosso setor. Estamos acompanhando e participando ativamente das discussões deste tema.

Blog: Como você comentou, a TAM acaba de integrar o cobiçado e invejado ndice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) que contempla as empresas que apresentam alto grau de comprometimento com sustentabilidade e a responsabilidade social. O que isso representa para a TAM?

Marco Bologna: A TAM passou a integrar no último dia 1º de dezembro o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa na carteira que vigorará até 30 de novembro de 2007, num reconhecimento de nossa constante preocupação com a implementação das boas práticas de responsabilidade social e ambiental presentes no mundo moderno. Além do ISE, também estamos presente no site Em Boa Companhia da Bovespa, no qual constam todas as novidades e projetos que as empresas listadas nessa Bolsa têm desenvolvido nesta área, demonstrando nosso comprometimento para um futuro melhor para todos.

Blog: O que significa Sustentabilidade para a TAM? Qual o caminho que sua companhia esta trilhando para alcançar esse objetivo que é o sonho de toda empresa-cidadã?

Marco Bologna: O conceito de sustentabilidade para nós significa trilhar o caminho que assegure a perpetuidade da TAM. Após o reconhecimento dado pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, investimento em ouvidoria interna e externa, ações de preservação do meio ambiente, estabelecimento de um código de ética e investimento em programas sociais, além de outras ações, acreditamos que estamos preparados para dar novos passos no caminho trilhado por algumas das melhores empresas do mundo rumo à responsabilidade social.

Blog: A TAM não investe somente em projetos sociais e ambientais. Ela também incentiva a cultura. Conte pra gente sobre o Museu Asas De Um Sonho.

Marco Bologna: Em 1996, preocupados em preservar para as futuras gerações a história da aviação, o comandante Rolim e seu irmão João Amaro tiveram a idéia de criar o Museu Asas de um Sonho, que conta a história da aviação, homenageando seus criadores, construtores, mecânicos, heróis e pilotos. O objetivo é preencher uma lacuna da preservação da história nacional. O museu foi aberto ao público em 12 de novembro de 2006, como parte das comemorações oficiais do centenário de Santos Dumont.
O Museu vem ampliando sua coleção com a aquisição de aeronaves, muitas vezes esquecidas por seus proprietários, contando com o apoio de empresas de porte internacional e amigos que doam de aviões a materiais históricos. Atualmente, possui 74 aeronaves próprias entre modelos civis, comerciais, militares e experimentais, construídos entre as décadas de 20 e 60, dos quais 32 modelos estão em exposição. Construído junto ao Centro Tecnológico de São Carlos, no interior de São Paulo, numa área de 86 mil m2, é o maior museu privado do mundo mantido por uma companhia de aviação e o maior museu do Brasil com aeronaves em condições de vôo, incluindo algumas raridades da 2ª Guerra Mundial.
Para assegurar uma das principais características do Museu, que é manter as aeronaves em condições de vôo como desejava o comandante Rolim, a TAM mantém em São Carlos suas oficinas de restauração e reparo, onde trabalham mecânicos, ferreiros, eletricistas, marceneiros, entre outros, coordenados por um grupo de engenheiros.
Passados dois meses da sua inauguração, mais de 11.000 visitantes já passaram pelo Museu, que estabeleceu como tarefa restaurar outras 42 aeronaves para exposição na sua segunda fase que vai contemplar também inúmeras peças pertinentes à aviação, tais como: cenários, motores aeronáuticos, auditório, biblioteca e inúmeros objetos iconográficos.
Além disso, a TAM desenvolve outras ações a favor da cultura, destacando-se o apoio à revista
Almanaque Brasil, publicação mensal dedicada ao resgate e preservação da cultura popular brasileira que é distribuída nos vôos nacionais e internacionais da TAM.

Blog: Quais as dicas que você poderia dar ao jovem que busca seu primeiro emprego?

Marco Bologna: Acredito que hoje, além do conhecimento técnico da área, algumas características são fundamentais ao profissional. Na TAM, definimos competências que norteiam nossas contratações. São qualidades para as quais os jovens também devem estar atentos, logo em suas primeiras atividades, e que fazem a diferença no ambiente profissional. No nosso caso, a base é o “espírito de servir”, que nada mais é do que buscar constantemente a satisfação dos clientes com ações e soluções. É ter atitude e demonstrar envolvimento, sempre com entusiasmo e preservando o bom humor.

Blog: Para finalizar esse nosso bate papo, com o anúncio da aquisição da Nova Varig pela Gol, a TAM irá rever seus planos para o curto e médio prazos? Porque? O que este negócio irá significar para o setor de avião brasileiro?

Marco Bologna: A compra da Nova Varig pela Gol tira um fator de incerteza no mercado brasileiro. O controle passado era de um fundo americano, considerado não estratégico, o que gerava uma dúvida em quem seria o novo controlador. Isto é bom para o mercado dissipando qualquer especulação de novos controladores. Além disso, sacramenta o aval do governo e órgãos controladores que este é um setor que requer escala de operação.
Portanto temos, agora, duas empresas eficientes, competentes, em alto nível de governança corporativa, lucrativas e ferrenhas concorrentes que detém mais de 90% do mercado, demonstrando claramente, que as discussões de desconcentração de mercado não são lógicas e não seguem a dinâmica deste setor em todo o mundo. Na Europa, temos companhias que tem quase 100% do mercado (Air France, British Airways, Lufthansa, Ibéria, TAP, Alitália, etc). Na Ásia (Singapore, Quantas, etc) e nos EUA (por região, American, United, Delta, etc).
É um setor normalmente duopolizado ou pouco fragmentado. E, em todos estes mercados e, inclusive no Brasil, cada vez mais, as tarifas são mais acessíveis gerando crescimento de tráfego e novos passageiros para o setor.
Fico feliz que o governo está permitindo esta concentração e entendendo a dinâmica saudável do mercado, onde as empresas estão saudáveis, competitivas, estimuladoras de tráfego, cumpridoras de suas obrigações. Óbvio que, agora, falta a infra-estrutura acompanhar esta dinâmica.
Para a TAM é excelente, porque teremos maior racionalidade competitiva. Ambas as empresas tem compromissos de governança, responsabilidade social e tem que entregar resultados para seus acionistas.

Blog: Obrigado por ter aceito nosso convite. Foi uma honra para o Blog Ética nos Negócios recebê-lo.

Marco Bologna: Eu que agradeço.

Perfil CEO da TAM
Nome: Marco Antonio Bologna
Idade: 51 anos
Aniversário: 22/Abr
Uma grande emoção: Filhos
Um sonho realizado: Filhos
Uma meta futura: Ter mais tempo com a família
A maior paixão: A família
Melhor livro: Blue Ocean
Filme inesquecível: O Aviador
Pontos fortes: Otimismo, iniciativa e simplicidade
Pontos fracos: Ansiedade e impaciência